Quaquié?!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Kaos



Mantícora
2004
R$ 7,50 cada
80 páginas cada

Eu tinha comprado a #2 e a #3 no Fest Comix há muito tempo, mas não achava a #1 em lugar nenhum. Até que um dia, passando por acaso na frente do Sebo do Zé, lá estava ela, olhando pra mim, me chamando de querido. Daí essa merecida releitura e comentário.

Curioso, eu achava que fosse mais uma revista brasileira que não tivesse chegado muito longe. Que merda, uma revista tão boa... aí vi, numa entrevista com Sam Hart, que o projeto era só três edições mesmo! Que sucesso!

Há três séries fixas, com um capítulo em cada edição: Em A de Aluguel, com roteiro e arte de Sam Hart, as histórias são independentes, com uma pegada humana, e o ponto que as une, uma pedra misterios, nunca é de fato revelado, arte e narrativa muito boas. Meninos Perdidos, com roteiro de André Valente e Luiz Pereira e arte ótima de Caio Majado, é sobre um mundo pós-apocalíptico cheio de crianças órfãs e poucos adultos, sobrevivência em muito sentidos. O Homem que Tudo Vê, com roteiro de Jean Canesqui, arte de Anderson Cabral e argumento dos dois, é um cara que, para salvar a mulher, vende sua visão para uma rede de TV. Muita tramóia, muita sujeira, muita coisa que existe de verdade. Arte meio torta, mas combina com a vibe da HQ.

Há também HQs curtas: Guti Gutz(#1), com roteiro e arte fodas de Roger Cruz, é uma paródia ao gênero guerreiras gostosas. Bifurcações (#2), de Jean Canesqui e Julia Bax, relacionamentos, vidas que se cruzam. FF (#2) é sobre um fotógrafo jornalístico que vê a vida em câmera lenta. Belasco, dono de circo e milagreiro de Jean Canesqui, é o único que tem duas Hqs curtas, uma introdutória, com arte de Sandro Castelli e Akio Fujigawa, e outra divertidíssima de Julia Bax (#3).

Vale dizer que todas essas HQs, apesar do nível geral alto, têm algumas falhas, e algumas não são mesmo tão boas.

Vejam uma coisa, meus leitores sabem que eu sempre reclamo de caixa de narrativa pesadas, e tal, mas esse pessoal conseguiu usar esse artifício de maneira sábia. No primeiro capítulo de A de Aluguel, há caixas de narrativa apenas no movimento entre uma cena e outra, com as reflexões do protagonista. No primeiro capítulo de Meninos Perdidos, o texto mostra uma narrativa, e as imagens, outra, que se unem no fim. A primeira de Belasco se aproxima muito de uma história ilustrada, mas não é pleonástica. O Homem que Tudo vê tem muito disso, mas o texto é sempre complementar, com a ironia do personagem. E de qualquer forma, as histórias são boas, isso é o que mais importa.

Há também boas entrevistas, com Alan Moore e Marcelo Cassaro (#1), David Lloyd e Lourenço Mutarelli (#2) e Dave Gibbons e Luiz Gê (#3), sendo as de Moore e Gê as mais gordas e gostosas, e a de Mutarelli a mais curta e seca.

2 comentários:

Unknown disse...

O sr teria essas revistas para download? Busquei por minutos e minutos e não consegui encontrar.
Meu e-mail:

ouro_@hotmail.com

Força e Honra.

BozoDel disse...

Vish, tenho não, brother.