Nanquim Descartável #3

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hq em foco e Quarto Mundo

Roteiro: Daniel Esteves

Arte: Gente Pacaraio

48 páginas

R$ 6,00

Daniel Esteves cumpre o que promete quando está bêbado.

Eu o havia encontrado no show dos Novos Baianos na virada cultural, levantando uma garrafa de vinho, tentando achar alguém. Ele não comia nada há um bom tempo. Salvei a vida dele com meu lanchinho de pão integral com creme de amendoim. Ele me prometeu a Naquim nova de graça, e cumpriu nesse Fest Comix.

Nanquim é a série em que nada acontece, narra o cotidiano bastante comum de amigos. Esta edição gira em torno de comida e da chegada de um amiga de Ju, que vai causar ciúmes.

Eu senti que esta terceira edição realmente sintetiza o espírito da naquim. O preço subiu R$ 1,00, mas tem 16 páginas a mais do que a edição anterior. Certos problemas de narrativa das edições anteriores (qual balão eu leio primeiro?) foram muito bem resolvidos.

A revista inteira é só amigos conversando, o que faz com que nos sintamos realmente próximos dos personagens, como se fossem amigos nossos, mesmo. Os diálogos têm certa riqueza, momentos engraçados. Aliás, é o aumento no número de páginas que permite isso.

Mas, ao mesmo tempo, é muita conversa furada, dia-a-dia demais, não é o que geralmente buscamos em uma revista. Meio que fica faltando algo.

Há algumas páginas de texto acompanhado de poucas ilustrações: isso se encaixou perfeitamente no estilo da revista, que fica nos diálogos.

A arte é feita por várias pessoas diferentes. No início eu não gostava disso, mas agora, cada um desenhando um capítulo diferente, e os capítulos sendo maiores, até gosto. Pode ser um pouco estranho, mas em uma revista que trata de amizade é natural que o autor chame todos seus miguxos para desenhar.

Quem brilha no desenho é o Mario Cau. Wanderson de Souza e Carlos Eduardo são competentes. O resto é bem medíocre (mas, supreendentemente, todos sabem desenhar cachorros). Mas a capa e as ilustrações estão cada ves melhores.

Enfim, é uma leitura muito gostosa. Falta o Daniel criar vergonha na cara e mergulhar no drama, fazer acontecer alguma coisa (ou mandar esses criticozinhos de merda pararem de dar pitaco).