Sepé Tiaraju: uma análise semiótica dos quadrinhos de Flávio Colin

Artigo publicado em História, imagem e narrativas #5

Setembro de 2007

Ivan Carlo Andrade de Oliveira

17 páginas

O artigo analisa com competência vários elementos da linguagem dos quadrinhos: elipses da narrativa, não redundância entre texto e desenho, simbolismo guerreiro nacionalista, metalinguagem no enquadramento representando relações de força. Muito válido!

Porém, o texto ÒBVIAMENTE não foi revisado depois de scaneado, e a qualidade das imagens poderia ser melhor.

Granadilha Semanal

http://granadilhasemanal.blogspot.com/
Roteiro e Arte: Marcello Quintanilha

Granadilha Semanal é o Blog de tiras de Marcello Quintanilha, que teve seu início há pouco tempo. 24 de Julho, para ser mais exato. O Blog, agora, é atualizado semanalmente, sendo que nas primeiras semanas foi atualizado com mais frequência.

As diversas situações abordadas nas tiras de humor são, na minha opinião, bastante inusitadas, e agradam bastante com seu humor leve e com uma certa dose de humor negro. A arte é fantástica e bastante realista, conseguindo retratar bem os personagens sobre os quais as tiras falam. Há também uma grande harmonia entre os desenhos e os textos, que tornam a narrativa bastante agradável. Vale a pena dar uma olhada, com certeza!

Marada, a Mulher-Lobo

Editora Globo
Dezembro de 1989
Roteiro: Chris Claremont
Arte: John Bolton
NCz$ 36,40
64 páginas

Mais uma revista cheirando a mofo que encontrei em minha estante, e que resolvi comentar por aqui. Essa terceira edição da série Graphic Novel, da Editora Globo, traz duas histórias repletas de aventura, um certo horror, e muito erotismo, clássico de histórias de grandes mulheres guerreiras.

A primeira história, Espada Partida, conta o episódio da vida de Marada, conhecida como Mulher-Lobo, onde ela deve voltar a agir como a guerreira que sempre foi para salvar as pessoas que ama, enfrentando poderosos feiticeiros e demônios. Em seguida, em Caçada Real, vemos Marada e Arianrhod, sua jovem companheira, em uma aventura pelo leste africano.

A arte é fantástica, mas o que mais me chama a atenção é a forma como os textos são escritos, seja nos diálogos ou não. Tudo é escrito com o máximo de detalhamento possível, tornando os diálogos, principalmente em momentos de ação, um tanto artificiais. No entanto, certas vezes os textos conseguem mostrar exatamente o que os personagens estão pensando e sentindo, mensagens que não conseguiriam ser passadas com tanta exatidão apenas pelo desenho.

Desenho Cômico - Curso Completo

Ediouro
1987
Arte: Aylton Thomaz
R$24,60 (Atualmente.)
96 páginas

Como o Bozo aparentemente resolveu tirar o pó de sua estante e comentar algumas relíquias encontradas lá, em seus últimos comentários, resolvi fazer o mesmo e encontrei essa belezinha aqui.

Nesse curso, escrito e ilustrado por Aylton Thomaz, encontramos as mesmas lições encontradas na maioria dos cursos de desenho, começando pela concepção do rosto, passando pela proporção do corpo, mãos, pés, movimento, luz e sombra, perspectiva e como unir tudo isso em uma só ilustração. Nenhuma grande novidade.

O livro apresenta pouco falatório, e se dedica mais a mostrar exemplos e muitos exercícios de passo-a-passo para que o leitor possa praticar seus traços cômicos. Além disso, também encontramos vários exemplos de artes em sua versão rascunhada e já acabada, o que é bastante interessante.

Esse livro foi originalmente de meu pai e, embora tenha sido lançado antes mesmo de eu nascer, só agora vejo o tesouro que sempre tive em mãos. Mas ainda posso aproveitá-lo muito, mesmo que suas páginas já estejam caindo e começando a cheirar a mofo.

Fanzine

Devir
Outubro de 2007
Roteiro e Arte: Fábio Moon e Gabriel Bá
R$33,00
216 páginas

O livro reúne as histórias que os gêmeos Moon e Bá publicaram em seu fanzine, 10 Pãezinhos, entre 1997 e 2001, além de outros trabalhos, tiras e imagens. Ao comprá-lo, imaginei que seria exatamente e apenas isso que encontraria em suas páginas. Mas encontramos aqui vários textos, escritos pelos próprios Moon e Bá, que falam sobre sua trajetória no mundo das Histórias em Quadrinhos, o que foi uma surpresa muito agradável para mim.

Além disso, temos também algumas páginas que mostram vários dos editoriais escritos pelos irmãos para alguns números de seu fanzine. Foram as páginas que mais me agradaram, pois os dois sabem escrever muito bem, além de mostrarem aqui diversas reflexões suas, não apenas sobre HQs, mas também sobre a vida.

As histórias apresentadas em Fanzine são dos mais diversos tipos, apresentando diversos temas, embora o tema amor, em suas mais diversas formas, seja retratado em várias delas. Além disso, é possível ver também como os traços dos autores foram se aperfeiçoando no decorrer dos anos.

Uma leitura muito interessante para se conhecer um pouco mais sobre a trajetória desses dois grandes artistas brasileiros nas Histórias em Quadrinhos.

Vampire Kisses - Laços de Sangue

NewPOP Editora
2008 - 2009
Roteiro: Ellen Schreiber
Arte: REM e Elisa Kwon
#1 a R$6,90 e #2 e #3 a R$10,00
150 páginas por volume, em média.

Dividida em três volumes, essa série, que trata o romance entre a jovem gótica Raven Madison e o vampiro Alexander Sterling, é baseada em uma série de livros de mesmo nome, lançada nos Estados Unidos, assinada pela escritora Ellen Schreiber. Arrisco dizer que a série veio na onda de Crepúsculo e derivados, e duvido que algum grande fã de Ellen Schreiber se pronunciará por aqui para nos dizer se esse meu palpite é verdadeiro ou falso. Irrelevante, de qualquer forma.

Comprei os títulos por estarem em promoção, mas me surpreendi com o material. Nada de tramas originais, claro, mas isso não torna a história menos envolvente. Claro que os personagens são esteriotipados, e que as situações são quase todas clichês, mas não deixam de ser interessantes. A arte também me agradou bastante, pelo menos até o segundo volume.

A história pode ser resumida como um romance entre uma garota gótica e um jovem vampiro que, além dos problemas já esperados, deve resistir a ameça de Claude, primo do vampiro mocinho, e de sua gangue, que ameaçam os amantes enquanto procuram um modo de se tornarem vampiros de verdade. Simples assim.

A arte de REM agrada bastante. Suave e com detalhes caprichados quando necessário, principalmente nos figurinos. Infelizmente, no terceiro volume, a arte passa a ser de Elisa Kwon. Arte bastante inferior se comparada com a de REM, além de muitos quadros passerem ser feitos às pressas e ficarem realmente feios.

A narrativa também ficou muito ruim no último volume. Sinceramente, parece que esse foi feito apenas para a história ter um fim. Não sei exatamente os motivos desse declínio na qualidade do título, mas isso não me agradou nem um pouco. O que é uma pena, pois considerando-se os dois primeiros volumes, a história tinha potencial para me deixar bastante satisfeito.

Piratas do Tietê #1

Circo

Maio de 1990

Roteiro e arte: Laerte

Cr$ 90,00

40 páginas

Não é à toa que todo mundo diz que nunca haverá revista brasileira nas bancas tão boa quanto Piratas.

Tem as histórias dos piratas em si, que foram republicados pela Devir, mas também, outras histórias curtas.

É o melhor que eu já vi na arte e nas gags do Laerte.

Existe o quadrinho no vazio entre dois quadrinhos? (ou: O Koan nas Histórias em Quadrinhos Autorais Adultas)

1999

Gazy Andraus

248 páginas

Essa tese de mestrado de Gazy Andraus analiza, nos quadrinhos, a existência de koans, enigmas que desafiam a lógica, derrubando-a, podendo ser compreendidos apenas através da mente intuitiva. Um significado que possa estar no espaço entre os quadrinhos.

São analisados vários casos de possíveis koans, explícitos ou implícitos, de Stan Lee a Edgar Franco. Foca um pouco mais na linha poético-filosófica e mesmo alguns trabalhos do próprio Andraus.

É um estudo muito válido, mas sou obrigado a diminuir a nota, pela longa e desnecessária introdução aos quadrinhos, pela necessidade absurda de revisão, pela má qualidade de muitas imagens e por alguma repetitividade.

Pode ser baixado na seção de monografias do Guia dos Quadrinhos.

Now Sem Rumo #2

1986

Roteiro e Arte: LOR

172 páginas

Representado por uma nave, vemos o Brasil da época da ditadura (e mesmo de hoje), com personagens-tipo como o general, o índio, o senador, a líder de esquerda etc.

Nem todas tirinhas são boas, mas as boas parecem Mafalda: LOR não nos faz gargalhar, mas é inteligente e político. Mostra relações de força da nossa sociedade, destrincha a direita e a esquerda e faz reflexões profundas sobre a condição humana.

O traço é simples, funcional e cartunesco.

E fica uma dica pros quadrinistas desse Brasil: