Quaquié?!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

HQ - Revista do Quadrinho Brasileiro #1


Escala/Opera Graphica
R$ 4,90
80 páginas

A boa e velha proposta de revista mix com quadrinhos nacionais. E ainda me surpreendo quando vejo algo da Opera Graphica que não seja edição de luxo caríssima.

A primeira história, baseada num texto de Peter Kroptkin, A Prisão, é longa e um tanto cansativa, embora traga um reflexão válida sobre a prisão. A arte é bem feita, apesar de ser um pouco torta e desproporcional às vezes. De qualquer maneira, não deixa de ser um conto ilustrado, desvalorizando a linguagem da prosa e da HQ.

Em O Vira-lata - Crossroads, o conflito de classes provocado por um velho macumbeiro parece um tanto inverossímil, mas dá um ritmo que é quebrado no final, surpreendendo.

Pesquisa de Mercado é outra adaptação, dessa vez musical (ou seja, a perda é ainda maior). A arte, apesar do traço interessantíssimo, não acrescenta quase nada.

As HQs de uma página, Tango e A Seresta do que Resta, sequer merecem comentários.

Homo Burocratus tem uma idéia ótima e arte razoável, mas poucos momentos compensam a narrativa pesada de história ilustrada.

Chupacabra, de Shimamoto, é uma história de terror mais ou menos, trazendo uma interessante relação homem/monstro.

A Culpa é ambientada no universo da Zona Orgânica, muito válido, apesar de essa história não ser muito especial. O traço é muito bom, de qualquer maneira.

Sou suspeito pra falar de O Grande Desaponte, de Dadí, pois conta a história da Ponte Torta, daqui de Jundiaí. Porém o humor e graciosidade de Dadí são inegáveis.

Mundo Interior relaciona realidade e imaginação, surpreendendo no final, como toda boa história curta. A arte também é muito boa.

Yohuali Ehécatl tem a arte muito bem feita, mas traz aquela narrativa chata de história ilustrada, contando a história de um Quetzacotl arrependido.

Não Estamos Sós, de Mozart Couto, fecha a edição, com arte ótima e roteiro sci-fi bacana.

Concluindo, os roteiros variam entre ruins e medíocres, a arte, entre medíocre e boa, mas há exceções nos dois casos.

4 comentários:

Mary Cagnin disse...

Opa estava sentindo falta dos posts!!
Fico me perguntando pq lançam uma revista de autores brasileiros com uma qualidade dessas, viu.. tanta gente boa por aí!

BozoDel disse...

Ah, não é tudo ruim, a revista tem seus bons momentos.

E tem gente boa por aí, sim, mas não sei se na época em que foi lançada essa revista tínhamos a articulação que temos hoje, principalmente entre os independentes.

E, às vezes, o pessoal só precisa de orientação - no Brasil, é difícil ver um editor que realmente edite. Não sei qual é o caso aí...

Às vezes, também, o pessoal precisa de prática. É interessante ver os trabalhos mais antigos e não tão bons de autores hoje consagrados.

E, às vezes, eu sou chato nas críticas. ;)

BozoDel disse...

Ah, e talvez tenhamos um aumento na freqüência dos posts... mwahahaha

BozoDel disse...

Ah (agora encarnei), olha um detalhe: é difícil eu gostar de alguma coisa do Shimamoto, mas sei que ele é super cultuado, era um dos fodões, marcou geração mesmo. Mas acho que o estilo dele não rola mais hoje em dia. As coisas mudam, a linguagem dos quadrinhos tem cada vez mais uma cara própria. Até Go Nagai (que não muita gente por aqui sabe, mas foi um dos mangakas mais importantes de todos os tempos) teve que mudar seu estilo.

E tem aquela teoria, uma das bases do Quarto mundo, inclusive, que diz que 90% de toda produção cultural é medíocre (o que às vezes não parece porque importamos mais do que produzimos e, nisso, selecionamos).

E é o primeiro número...

Huhuhu, acho que agora acabei...